Balneário Camboriú está entre os assuntos mais falados no X, o antigo Twitter, nesta segunda-feira (30) que antecede o Réveillon. O motivo? Uma onda de ódio à cidade mais turística de Santa Catarina, que está lotada para o Ano Novo – e que ganhou um novo impulso com o grudento hit “Descer pra BC”. Balneário tem uma vocação natural para os holofotes.

A cidade já era conhecida nacionalmente, mas a megaobra de alargamento da faixa de areia, em 2021, chamou atenção do Brasil inteiro para o arranjo urbanístico incomum – um paredão de arranha-céus à beira-mar. Na esteira, vieram curiosidades sobre a inusitada sombra na praia e a distópica “corrida” das construtoras pelos maiores prédios do mundo.

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Balneário é, de fato, uma cidade sui generis – e não é, nem de longe, uma unanimidade. Mas o que tem sido falado nas redes socias nos últimos dias é uma onda de ódio gratuito, que evidentemente não afeta o boom turístico do balneário mais badalado da Região Sul – mas incomoda quem conhece a cidade e suas particularidades. “Brega”, “cafona”, “suja” e “elitista”, estão entre os adjetivos despejados contra BC.

Quais são os prédios icônicos de Balneário Camboriú:

Edifício Imperatriz, o primeiro de BC a ser o maior do Brasil (Reprodução)

Torres do Yachthouse by Pininfarina, as maiores do BR, com 294m (Divulgação)

Edifício One Tower, com 290 metros de altura (Divulgação)

Edificio redondo do Hotel Marambaia (Divulgação)

Projeto de renovação do Hotel Marambaia (Divulgação)

Edifício Imperatriz, o primeiro de BC a ser o maior do Brasil (Reprodução)

Torres do Yachthouse by Pininfarina, as maiores do BR, com 294m (Divulgação)
Uma das principais críticas diz respeito à balneabilidade, um problema histórico que teve seu auge no ano passado, por problemas na estação de tratamento de esgoto. Imagens antigas estão sendo resgatadas e publicadas como se fossem atuais. Nesta segunda-feira, o relatório de balneabilidade do Instituto do Meio Ambiente (IMA) traz dois pontos impróprios para banho, dos 11 analisados. Não é o ideal, mas não é muito diferente de outras praias de SC e do Brasil.

As críticas à “falta de praia” em Balneário tampouco se sustentam. O município tem outras cinco praias agrestes – entre elas, uma praia deserta – e três têm Bandeira Azul. O município está entre os recordistas no país na certificação ambiental, que reconhece a qualidade da água do mar onde a bandeira é hasteada.

Balneário Camboriú é destaque na Monocle, uma das maiores publicações sobre estilo de vida no mundo

Mas o sucesso de Balneário não está apenas no combo sol e mar. A cidade agrada por oferecer atrações, dia e noite, também para quem não gosta de colocar o pé na areia – e, acredite, muita gente vem à praia sem gostar de banho de mar. Aquário, roda gigante, zoo, parque ambiental, teleférico, parque dos dinossauros, museus, parque da Nasa, teatro. E um comércio comparável a qualquer capital brasileira – muitas marcas chegam a SC por Balneário Camboriú, antes de Florianópolis. Com uma vantagem: as lojas abrem mais tarde e ficam abertas até a noite, durante o ano todo.

Balneário é um sucesso porque cresceu e se desenvolveu em torno de um jeito diferente de oferecer o turismo. É uma cidade excêntrica, que tem seus problemas – os prédios muito próximos uns dos outros impedem a luz do sol, o trânsito é caótico, e o preço dos imóveis, para os moradores, é proibitivo.

Por outro lado, o município tem um dos melhores IDHs do Brasil, transporte público gratuito, e um bom índice de segurança. Um fator indissociável da qualidade de vida.

Na grande maioria dos comentários anti-BC há um ranço da mesma polarização política que tornou o Brasil um lugar insalubre, como se Balneário Camboriú fosse uma cidade monolítica, sem nuances nem discordâncias. Um erro grosseiro.

Ao fim e ao cabo, resta apenas a ignorância. Há praias melhores, em Santa Catarina e no Brasil? Por certo que sim. Há lugares melhores para passar as férias? Depende do gosto de cada um. O importante é ser feliz. Cafona, mesmo, é pregar o ódio.

Fonte: NSC