Dos 26.941 acidentes com lagartas registrados no Brasil entre 2019 e 2023, 20% envolveram crianças de até 9 anos, segundo o Boletim Epidemiológico divulgado recentemente pelo Ministério da Saúde.
Os dados apontaram que os casos foram mais frequentes durante os meses de verão. A hipótese é que o período de calor favorece o contato com o animal, uma vez que as crianças tendem a passar mais tempo ao ar livre devido às férias escolares, e é nessa mesma época que aumenta a população dos insetos em estágio larval.
“É importante reforçar a atenção durante o período, principalmente em relação às lagartas Lonomias. Elas costumam viver aglomeradas nas árvores e a coloração se confunde com o tronco, o que dificulta a visualização”, aponta a diretora de produção de soros do Instituto Butantan, Fan Hui Wen.
Capaz de causar acidentes mais graves e até provocar a morte, esse gênero de lagarta, conhecida também como taturana, foi responsável por mais de 4 mil acidentes no intervalo analisado pelo boletim – para efeito comparativo, 6.636 acidentes com Lonomias foram registrados entre 2007 e 2018. Dados detalhados do sistema DataSUS mostram que o Sudeste é a região com maior notificação de casos (2.110), com o Nordeste (746) e o Sul (733) figurando na sequência. Entre os estados, no topo da lista está Minas Gerais (1.199), seguido de São Paulo (818), Santa Catarina (342) e Rio Grande do Sul (329).
Quando analisada a necessidade de tratamento com soro antilonômico – único produto capaz de neutralizar os efeitos moderados e graves desencadeados pela toxina da Lonomia –, os números do Ministério da Saúde mostram que os acidentes mais relevantes se concentram no Sul: das 733 notificações feitas na região, 134 demandaram o uso do antiveneno, sendo 71 apenas no estado de Santa Catarina. Já no Sudeste, onde, teoricamente, há uma maior concentração de acidentes, apenas 79 casos demandaram soroterapia.
Disponível gratuitamente em todo o território brasileiro pelo Sistema Único de Saúde (SUS) desde 1996, o chamado soro antilonômico foi desenvolvido de forma pioneira pelo Butantan, que segue sendo o único produtor mundial do antiveneno.
Identificação e tratamento
As lagartas com potencial para causar acidentes são o estágio larval de um grupo chamado de lepidópteros, e dividem-se em duas grandes famílias: a Megalopygedae, que engloba as famosas “cabeludas”, geralmente de hábito solitário; e a Saturniidae, que compreende as chamadas “espinhudas”, como as Lonomias.
De hábito gregário, as lagartas “espinhudas” de interesse médico apresentam coloração marrom esverdeada, listras longitudinais castanho escuras, padrões brancos em forma de U distribuídos por todo o corpo e espinhos verde claros que lembram pequenos pinheiros. Apesar de serem mais comuns na região Sul, podem aparecer em qualquer parte do país, principalmente em ambientes úmidos, próximos à mata nativa.
Em caso de contato com qualquer tipo de lagarta, a recomendação é lavar o local com água corrente e sabão neutro, e realizar compressas de gelo para amenizar a dor. Se for possível, tire uma foto do animal e siga imediatamente para a unidade de saúde mais próxima para uma correta identificação e a consolidação dos protocolos de diagnóstico e tratamento.
Fonte: Oeste+
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