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14/01/2025 20:18
AGRO

Faltará armazém para a safra recorde de grãos

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O aumento esperado na produção brasileira de grãos na safra 2024/25 deve agravar o já elevado déficit de armazenagem no país. A estimativa mais recente da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) para a safra 2024/25 de grãos é de uma colheita de 322,4 milhões de toneladas. A capacidade atual de armazenagem no país, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), é de 222,3 milhões de toneladas, suficiente para estocar 69% da produção esperada. A expectativa de concentração da colheita da safra de verão, devido ao atraso no plantio, torna o cenário mais crítico.
“O déficit na estrutura de armazenagem atingiu 124 milhões em 2024. Deve aumentar em pelo menos 5 milhões de toneladas este ano. Vindo uma supersafra de soja e uma boa safra de milho, a situação pode ser mais dramática”, avalia Paulo Bertolini, presidente da Câmara Setorial de Máquinas e Equipamentos para Armazenagem de Grãos (Cseag) da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq).
Segundo Bertolini, o ritmo de crescimento da agricultura é o dobro do avanço da capacidade de armazenagem. “É um número que cresce a cada ano. Só para manter a capacidade atual de armazenagem, acompanhando o ritmo de crescimento da produção de grãos, teríamos que investir em torno de R$ 15 bilhões por ano, para aumentar a capacidade em 10 milhões de toneladas estáticas por ano. A gente investe metade disso”, afirma
Bernardo Nogueira, CEO da Kepler Weber, maior empresa do setor no país, diz que monitora mais de perto três Estados neste ano: Mato Grosso do Sul, cuja produção de soja deve crescer 26,7% em relação à safra 2023/24; Mato Grosso, que tem um avanço previsto de 17,3%; e o Paraná, com previsão de 12,7% de aumento.
“A gente vai ver uma safra que nunca foi colhida nesses Estados. E esses Estados já sofreram estresse logístico na safra 2022/23, que foi o último recorde”, afirma Nogueira. Segundo o CEO, os três Estados têm investimentos estimados em R$ 500 milhões em armazenagem. Nogueira cita ainda Tocantins e Goiás como Estados que terão aumento expressivo no volume de produção de grãos.
Na última semana, a Kepler Weber informou que fechou 2024 com 306 obras em execução, um número recorde. Mais de um terço dos projetos é no Rio Grande do Sul. Nogueira afirma que a demanda está aquecida no setor portuário, no segmento de biocombustíveis, em cooperativas e grandes propriedades. E cita um estudo do Itaú BBA que indicou a existência de 22 projetos de novas usinas de biocombustíveis ou ampliações, com aportes de R$ 20 bilhões.
“Vemos muito anúncio de investimentos no Matopiba [confluência entre Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia], Goiás, Mato Grosso e Rio Grande do Sul. Imaginávamos que com a queda do preço da soja ia diminuir a demanda dos agricultores, mas ela veio muito forte. Em 2024 a demanda foi superior à de 2023, e a gente está agora acreditando que esse é o novo normal”, afirma o executivo.
Para este ano, Nogueira diz ver uma combinação de demanda robusta em volume, mas também pressão de custos. Além disso, o setor vive um momento de rentabilidade menor e juros em patamares altos, acrescenta. “Em toda a cadeia do agronegócio brasileiro aumentou o endividamento. A nossa inadimplência é 0,5% e não aumentou na crise porque muitos clientes são mais estruturados. Mas as recuperações judiciais são um sintoma de que o mercado está mais apertado. Os clientes precisam de mais desconto para fechar negócio”.
A GSI, que em julho de 2024 foi vendida pela AGCO à gestora de private equity American Industrial Partners (AIP), por US$ 700 milhões, também informou ter percebido um aumento na busca por orçamentos e definição de investimentos em armazenagem no país. “A gente visualiza uma melhoria de cenário na abertura do ciclo de 2025”, disse Ricardo Marozzin, presidente da Grain & Protein Technologies, empresa detentora da GSI.
Marozzin diz que todas as regiões do país apresentam demanda por armazenagem. “Temos percebido um retorno dos pedidos de cotação e investimentos principalmente nas regiões Sul, Matopiba e Centro-Oeste, mais focados em grandes cooperativas, tradings e indústrias de biocombustíveis”, acrescenta. Sem citar números, o executivo afirma que a companhia espera um crescimento de “dois dígitos” em vendas no Brasil neste ano, após fechar 2024 com um desempenho parecido com o de 2023 em volume de vendas.
Bertolini, da Abimaq, critica a falta de linhas de crédito suficientes e desburocratizadas para permitir a construção de armazéns nas fazendas. “Com R$ 2 milhões ou R$ 3 milhões dá para construir uma estrutura mínima de armazenagem. É o preço de alguns tratores. Para comprar um trator, o produtor precisa de um aval do banco. Mas para construir um silo precisa de licença ambiental, licença de instalação, de operação, hipoteca da terra. É uma burocracia que torna mais oneroso e lento o financiamento”, compara Bertolini.
Sem estrutura no campo, as tradings e indústrias acabam assumindo o custo de receber e estocar a produção, observa. “Isso encarece o produto final porque carrega a ineficiência no preço”, diz.

Fonte: Globorural.globo.com

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